20 março 2009

Sorte no Jogo


Vamos começar pelo fim,
relembrar as velhas dores.
Mexer nas feridas fechadas
e fingir que estamos bem.

Vamos nos recriminar,
brigar por poucas coisas.
Vamos gritar em praça pública
pra que todos ouçam o nosso vazio.

Vamos aceitar as flechadas,
as pedras arremessadas.
Enxugar lágrimas forçadas.
Aceitar a traição desmedida,
inesperada.

Vamos nos despedir de todos,
levar nossos órgãos
aos ninhos de asfalto.
Os pássaros levam todos eles.
Nós ficamos sem saber o que fazer,
existimos.

Vamos ouvir,
reclamar, nos expulsar.
Nos descontrolar nos nossos corpos.
Testar nossos limites,
eles fazem isso muito mal.

Vamos embora,
com ou sem esperança.
Vamos todos embora.
Cantando versos comprados,
rimando coisas sem valor,
guardando rancores,
vamos todos.

Vamos arrumando nossas malas,
arrumando os sentimentos,
fechando portas que nunca deveríamos ter aberto.
Ouvindo gargalhadas
e suspiros ao sair.

Vamos nos questionar,
questionar os outros.
Vamos fingir acreditar,
deixar nossos joelhos machucados
e nossas mentes vazias.
Vamos esperar a salvação
ou a condenação exata.

Vamos todos sem destino algum,
brincando de deuses,
morrendo sem objetivos,
com sorte no jogo
e esperar o tempo passar.

Vamos tempo...
passe, passe.

(Thiago Pacheco)

12 março 2009

Um Pouco



Enfrentando a morte em cada gole,
fazendo parte dela a cada trago.

Já não é possível
enfrentar teu inferno gelado,
tua boca seca.

Já não é possível
dizer-te coisas novas,
tua falta de respostas.

Não é mais possível.

(Thiago Pacheco)