03 maio 2009

Impendente



Se sentir sozinho
é tão comum quanto respirar.
Se sentir perdido,
sem rumo, sem amores.
E todas as dores
são comuns.
Todos os horrores,
todas as promessas,
todas as palavras
sentimentais jogadas fora.

É tudo tão comum
como sentir saudade,
como esperar por um momento
que nunca chega,
como torcer
pra que uma bebida forte
esteja sempre na sua corrente sanguínea.

Um veneno bom,
inevitável.

(Thiago Pacheco)

26 abril 2009

A Não Ser



Aqui é só um vagabundo, querida.

Que só quer amar alguém,

que deseja ser feliz

levando a vida por um triz.

É só um vagabundo, querida.

Que se apega as suas lembranças,

que se afoga em copos rasos,

que tentar ser diferente

sendo tão comum.

Um vagabundo irritado,

que já cansou de sorrir forçado,

que já agradou demais,

que já calou demais

e que sofreu o mesmo tanto.

Aqui é só um vagabundo, querida.

Que está perdido, sem referencias,

sem destino algum,

sem algo a perder.

A não ser...

Um vagabundo de mesmas músicas,

mesmas palavras sem sentido,

mesmo sentimentalismo barato.

Um vagabundo com o mesmo orgulho e rancor,

com as garrafas vazias de sempre.

Aqui é só um vagabundo

que vai seguir teus conselhos, querida.

Vai parar de morrer na bebida

e viver de amores só pra ti.


(Thiago Pacheco)

21 abril 2009

Esvaecemos


O pra sempre acabou,
tornou-se rotineiro,
perdeu-se nas promessas
do nosso dia-a-dia
cada vez mais demorado.

Nossos suspiram cessaram,
os desejos, assim como todas as coisas boas.
Só vivem na lembrança.

O pra sempre acabou,
se uniu ao amor,
esvaiu-se pelos dedos,
perdeu-se no meio do caminho.

Esse caminho tão diferente,
onde já não estamos juntos,
onde deixamos de dar as mãos.
Esse caminho onde somos tão livres
de nós mesmos.

Nossos defeitos agora
são evidentes.
Nossas fraquezas agora
são problemas.
Nossa conversa não existe,
só nos suportamos e não nos perdoamos por isso.

O pra sempre acabou,
juntou-se ao amor
que não foi suficiente.
Se perdeu na nossa procura pelo novo,
pela outra parte que nos falta.

Está por aí
,
por toda parte,
por todo lado.

(Thiago Pacheco)

20 março 2009

Sorte no Jogo


Vamos começar pelo fim,
relembrar as velhas dores.
Mexer nas feridas fechadas
e fingir que estamos bem.

Vamos nos recriminar,
brigar por poucas coisas.
Vamos gritar em praça pública
pra que todos ouçam o nosso vazio.

Vamos aceitar as flechadas,
as pedras arremessadas.
Enxugar lágrimas forçadas.
Aceitar a traição desmedida,
inesperada.

Vamos nos despedir de todos,
levar nossos órgãos
aos ninhos de asfalto.
Os pássaros levam todos eles.
Nós ficamos sem saber o que fazer,
existimos.

Vamos ouvir,
reclamar, nos expulsar.
Nos descontrolar nos nossos corpos.
Testar nossos limites,
eles fazem isso muito mal.

Vamos embora,
com ou sem esperança.
Vamos todos embora.
Cantando versos comprados,
rimando coisas sem valor,
guardando rancores,
vamos todos.

Vamos arrumando nossas malas,
arrumando os sentimentos,
fechando portas que nunca deveríamos ter aberto.
Ouvindo gargalhadas
e suspiros ao sair.

Vamos nos questionar,
questionar os outros.
Vamos fingir acreditar,
deixar nossos joelhos machucados
e nossas mentes vazias.
Vamos esperar a salvação
ou a condenação exata.

Vamos todos sem destino algum,
brincando de deuses,
morrendo sem objetivos,
com sorte no jogo
e esperar o tempo passar.

Vamos tempo...
passe, passe.

(Thiago Pacheco)

12 março 2009

Um Pouco



Enfrentando a morte em cada gole,
fazendo parte dela a cada trago.

Já não é possível
enfrentar teu inferno gelado,
tua boca seca.

Já não é possível
dizer-te coisas novas,
tua falta de respostas.

Não é mais possível.

(Thiago Pacheco)