25 novembro 2008

Sofá de Sonhos


Deitada em seu sofá de sonhos
a serem realizados
junto ao conformismo dos sentidos
que escolheu
ela está.

Ainda usando seu vestido curto,
das cores que sempre lhe caem bem,
fumando aquele cigarro barato
que adora e que lhe parece muito mais agradável
por ninguém gostar.

Bebendo suas cervejas baratas
que não te importam,
só vale mesmo o efeito,
que cada dia demora um pouco mais
pra chegar.

Ouvindo velhas canções
que te fazem lembrar um passado
cada vez mais próximo
a cada gole amargo,
a cada nota.

Deitada, olha para o vazio,
não aquele vazio passageiro,
o vazio interno que lhe segue
como de costume.
E olha para si
e pra todo o gigante que encontra
definhando e sorri.

Em todos os seus sonhos,
conformismo e destino se misturam,
ficando em paz e sorrisos,
com seus medos guardados,
seus anseios deixados de lado
e sua beleza passageira.

Se encontrando
no lugar vazio a mesa,
na lágrima que nem sente em derramar.
Olhando para todo o gigante a definhar
e sorrindo para desistência
dos tolos.
És
auto-suficiente.

(Thiago Pacheco)

08 novembro 2008

Escolha


Acorda menino,
mesmo com os olhos fechando ande,
ela não vai aparecer
vestida de sentimentos pra você desfrutar.

Levanta do chão,
as melhores bebidas
e o gosto dos beijos
não virão em pratos limpos.

Se quiser se embriagar
com os desejos,
arder ou não
vai ser escolha tua.

Ela não vai surgir
pra te beijar assim,
nem vai sussurrar teu nome
em voz baixa tão fácil.
Nem discutir com você
pra ter sua atenção.

Porque ela precisa ser vista,
desejada, conquistada.

Acorda menino,
ela está lá fora,
onde suas pernas precisam ir
porque nada vai ser de graça.
Não vai ser tão fácil
quanto quer.

Os beijos que sente falta de ter
não chegarão em bandejas,
onde está não poderá vê-la.

Ela está lá fora
com as complicações que você vai gostar de ouvir
e suas opções estão cada vez mais claras.
Se acomodar não é solução,
nem se acostumar
a ser sempre assim.

O sofá toma sua forma
e sua voz não poderá ser ouvida.
Por mais que você grite
e imploda isso não mudará.

Ela continuará a caminhar
pelas ruas que você deveria passar,
vai beber as bebidas que deveria oferecer,
vai sorrir e vai chorar
E você não vai estar.

(Thiago Pacheco)

05 novembro 2008

Mais Uns Versos Pobres



Vou começar meu texto
com palavras simples,
mas eu me conheço
e lá vou eu
usando minhas rimas iguais
que busquei nos livros
da estante.

Montando os versos
com metonímias,
pleonasmos
e com palavras repetidas.

Usando mil clichês
numa repetição sem graça,
admirando minhas próprias palavras,
viajando no meu imaginário.
Fazendo rodeios
em volta do esperado,
pra terminar meus versos pobres
com o que você já viu antes.

Dizendo-te mais uma vez
que quando ouço aquela música
ainda penso em você.
Todos os versos
são feitos de lembranças
nunca vividas.

E todo o resto,
por mais que eu tente mudar,
você sabe como termina.

(Thiago Pacheco)



[Eu voltei... graças a Rainer Maria Rilke (Cartas a um jovem poeta). Em sua primeira carta encontrei o motivo da volta. No mais... é isso.]